Aeroespacial é uma palavra relativa à aeronáutica, que faz referência ao espaço aéreo e ao fluxo de aeronaves (aviões e helicópteros, por exemplo) que circulam nesse espaço. O termo aeroespacial é considerado um adjetivo de dois gêneros na língua portuguesa, composto pela junção de duas outras palavras: "aero", o que está no ar, o que voa, e "espacial", relacionado com o espaço, um universo de grandes dimensões ou um lugar trafegável.
A medicina aeroespacial é uma especialização dentro da medicina que se destina a estudar, tratar e prevenir doenças que podem surgir em pessoas expostas à atividade aérea constante, como pilotos, aeromoças e comandantes de aeronaves, por exemplo, e também em passageiros frequentes e eventuais.
O especialista de medicina aeroespacial pode atuar em empresas de companhias aéreas que transportam passageiros, em clínicas médicas em aeroportos, dando orientação médica a viajantes e turistas, entre outras funções que envolvem assuntos relacionados com a saúde e o voo.
O principal centro formador é a Universidade da Força Aérea, criada em 1983, através do Instituto de Medicina Aeroespacial (IMAE). A história do instituto teve início com a inauguração da primeira Câmara Hipobárica do Brasil, instalada no Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro, em 23 de outubro de 1951, com a finalidade de proporcionar aos cadetes da Escola de Aeronáutica o conhecimento das reações do organismo às condições hipobáricas da altitude, num ambiente simulado. Em 1971, essa atividade de treinamento fisiológico foi atribuída ao Centro de Especialização de Saúde da Aeronáutica (CESA), onde permaneceu até 1977, quando foi criado o Centro de Instrução Especializada da Aeronáutica (CIEAR). O treinamento fisiológico permaneceu nesse centro até 1993, quando foi criado o Núcleo do Instituto de Fisiologia Aeroespacial (NuIFISAL), e logo depois, em 1995, o IFISAL.
A atual denominação do instituto foi dada em 9 de outubro de 2009 e representa o dimensionamento da missão do IMAE, que é desenvolver o estudo, a pesquisa, o aperfeiçoamento, o treinamento e a instrução da medicina aeroespacial. Ressalte-se a relevância da missão do instituto e as mais recentes realizações, como a criação da Subdivisão Aeromédica – que tem como principal objetivo prestar apoio técnico-científico aos médicos de esquadrão, no campo da saúde operacional –, e a importante atribuição do IMAE perante o Ministério da Defesa, de ser a organização responsável pela formação do pessoal de saúde das três Forças Armadas, na área de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear (DQBRN).
Estimativas indicam que, em 2009, 2,5 bilhões de pessoas utilizaram transporte aéreo, com relatos de 1 morte súbita a bordo a cada 5,7 milhões de passageiros. Neste contexto, quem nunca teve um paciente com dúvidas a respeito de viagens aéreas nos abordando com a inquietante pergunta: "Doutor, posso voar?"? Após reunião da Câmara Técnica de Medicina Aeroespacial, o Conselho Federal de Medicina publicou recomendações a médicos, passageiros e tripulantes.
DOENÇAS RESPIRATÓRIAS:
- Infecções ativas (pneumonia, sinusite): contraindica-se viagem aérea a passageiros e tripulantes, pois pode alterar as respostas fisiológicas humanas habituais ao voo.
- Infecções pulmonares contagiosas: não devem embarcar, por risco de contágio ou piora da patologia.
- Asma, doença grave, instável ou com hospitalização recentes: contraindica-se o voo.
– Enfisema ou DPOC: viagens permitidas mediante avaliação médica e necessidade de O2 durante o trajeto.
DOENÇAS CARDIOVASCULARES:
- Prazos podem ser alterados, a depender de avaliação médica:
- Infarto não complicado: aguardar de 2 a 3 semanas.
- Infarto complicado: aguardar 6 semanas.
- Angina instável: não deve voar.
- Insuficiência cardíaca grave e descompensada: não deve voar.
- Insuficiência cardíaca moderada: verificar com o médico se há necessidade de utilização de oxigênio durante o voo.
- Revascularização cardíaca: aguardar duas semanas.
- Taquicardia ventricular ou supraventricular não controlada: não deve voar.
- Marcapassos e desfibriladores implantáveis: sem contraindicações.
– Nos casos de Acidente Vascular Cerebral:
- AVC isquêmico pequeno: aguardar de 4 a 5 dias.
- AVC em progressão: aguardar 7 dias.
- AVC hemorrágico não operado: aguardar 7 dias.
- AVC hemorrágico operado: aguardar 14 dias.
PÓS-OPERATÓRIO E PACIENTES EM RECUPERAÇÃO
- Pós-operatório torácico
- Casos de pneumectomia (retirada do pulmão) ou lobectomia pulmonar recente (retirada parcial do pulmão): recomenda-se uma avaliação médica pré-voo, com determinação da normalidade da função respiratória, principalmente no que diz respeito à oxigenação arterial.
- Casos de pneumotórax: contraindicação absoluta. Deve-se esperar de 2 a 3 semanas após drenagem de tórax e confirmar a remissão por radiografia.
- Pós-operatório neurocirúrgico
Após trauma cranioencefálico ou qualquer procedimento neurocirúrgico, pode ocorrer aumento da pressão intracraniana durante o voo. Aguardar o tempo necessário até a confirmação da melhora do referido quadro compressivo por tomografia de crânio.
Cirurgia abdominal
Contraindicado o voo por 2 semanas, em média. Deve-se aguardar a recuperação do trânsito habitual do paciente, pois a presença de ar em alças, sem eliminação adequada, no pós-operatório de cirurgias recentes, pode determinar a sua expansão excessiva em voo.
- Pós-cirurgia laparoscópica: o voo pode ocorrer assim que a distensão pelo ar injetado tenha desaparecido, e as funções do órgão operado, retornado ao normal.
- Nos procedimentos em que se injetou ar ou gás em alguma parte do corpo: aguardar o tempo necessário para a reabsorção ou a eliminação do excesso de ar ou gás injetado.
- Pós-anestesia raquidural: o voo pode causar dor de cabeça severa até 7 dias após a anestesia.
- Após anestesia geral: sem contraindicação, desde que o paciente tenha se recuperado totalmente.
Gesso e fraturas – Se há fraturas instáveis ou não tratadas, contraindica-se o voo.
Importante: considerando que uma pequena quantidade de ar poderá ficar retida no gesso, os procedimentos feitos entre 24 e 48 horas antes da viagem devem ser bivalvulados, para evitar a compressão do membro afetado por expansão normal do ar na cabine durante o voo.
TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS:
Distúrbios psiquiátricos – Pessoas com transtornos psiquiátricos cujo comportamento seja imprevisível, agressivo ou não seguro não devem voar. Já aquelas com distúrbios psicóticos estáveis, em uso regular de medicamentos e acompanhados, podem viajar.
Epilepsia – A maioria dos epilépticos pode voar seguramente, desde que estejam usando a medicação. Aqueles com crises frequentes devem viajar acompanhados e estar cientes dos fatores desencadeantes que podem ocorrer durante o voo, tais como: fadiga, refeições irregulares, hipóxia e alteração do ritmo circadiano. Recomenda-se esperar de 24 a 48h após a última crise antes de voar.
GESTANTES:
Recomenda-se que os voos sejam precedidos de uma consulta ao médico. De forma geral, as seguintes medidas devem ser observadas:
- As mulheres que apresentarem dores ou sangramento antes do embarque não devem viajar.
- Evitar viagens longas, principalmente em casos de incompetência istmo-cervical, atividade uterina aumentada, ou partos anteriores prematuros.
- A partir da 36ª semana, a gestante necessita de uma declaração do seu médico permitindo o voo. Em gestações múltiplas, a declaração deve ser feita após a 32ª semana.
- A partir da 38ª semana, a gestante só pode embarcar acompanhada dos respectivos médicos responsáveis.
- Se a gestação é ectópica, contraindica-se o voo.
- Não há restrições de voo para a mãe no pós-parto normal, mesmo no pós-parto imediato.
CRIANÇAS: No caso de um recém-nascido, é prudente que se espere pelo menos 1 ou 2 semanas de vida até a viagem. Isso ajuda a determinar, com maior certeza, a ausência de doenças, congênitas ou não, que possam prejudicar a criança no voo.
OBSERVAÇÕES GERAIS:
Medicação – Recomenda-se levar medicação prescrita pelo médico em quantidade suficiente para ser utilizada durante toda a viagem. Os remédios devem estar sempre à mão, preferencialmente acompanhados pela receita do médico, com as dosagens e os horários em que devem ser administrados. Em caso de deslocamentos que impliquem mudança de fuso horário, o médico assistente deve ser consultado para avaliar se há necessidade de ajustar os horários de ingestão dos medicamentos.
Enjoos – As pessoas mais suscetíveis a terem enjoo durante o voo são aquelas que já o apresentam quando andam de ônibus, carro ou navio. Estas devem evitar a ingestão excessiva de líquidos, comida gordurosa, condimentos e refrigerantes, que podem facilitar seu aparecimento. Recomenda-se também, como medida de precaução, que utilizem os assentos próximos às asas do avião por ser o local de voo menos turbulento e, por conseguinte, menos propenso a induzir náuseas e vômitos.
Procurar assistência e/ou orientação médica antes do voo, caso o passageiro ou tripulante apresente:
- Febre alta, tremores, com piora progressiva dos episódios;
- Sangue ou muco nas fezes;
- Vômitos que impeçam a ingestão de líquidos;
- Sintomas persistentes após uso de medicamentos sintomáticos;
- Sintomas, especialmente se usa diuréticos, imunossupressores ou remédios para diabetes e/ou hipertensão.
FONTE : PORTAL CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA
VÍDEOS
https://www.youtube.com/watch?v=SCBzXoUhk2k
FONTES
http://www.medtronicbrasil.com.br/your-health/coronary-artery-disease/index.htm
http://www.claudiogelape.com.br/procedimentos/
https://coracaoalerta.com.br/tratamento-do-infarto/angiotomografia-das-coronarias/
http://www.valvulascardiacas.com.br/